sábado, 19 de junho de 2010

Coração na noite

A noite ia alta e a minha mente não estava em mim, era uma matéria inconstante e flutuante em meu torno. Só queria que uma vez desse certo, que alguém me amasse por ser eu, por todos os disparates que faço, por todas as palavras que digo, por todas as minhas ideias e fantasias.
Acho que é impossivel, meu coração é amado aos poucos, de maneiras diferentes, seguindo como que numa viagem que se torna num ciclo vicioso, num dado sem retorno, numa tela sem fim.
Tudo à minha frente me parece partido e meu coração sangrando nas minhas mãos, bate fraco e decadente, bate sem razão, sem sentido, sem saber quem é, sem saber quem amar.

Artemiza

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Foi meu coração

Ninguém disse que iria ser fácil esquecer a pessoa a quem mais dei de mim. Será que não percebes, que corri o mundo por ti, para te abraçar quando a nuvem negra caiu na tua vida? Não recordas as noites em que te fiz companhia quando todas as sombras se dissiparam? Não dormi, para escutar as tuas palavras e sentir o teu coração cansado, chorando. Corri por ruas desconhecidas, sozinha, para te encontrar no topo de uma delas, junto com a tua tristeza. As minhas lágrimas, correram também lavando minha face, com a tua dor. Apertei a tua mão com força, não te queria deixar cair, queria entrar na tua vida, ficar lá para sempre.
Mas o que a vida é hoje, pode já o não ser amanhã. E assim aprendi contigo, que os sonhos são matérias instáveis e que nos escapam facilmente.
Mas desta vez não haverá lágrimas na minha face, resta o meu coração cansado, condenado a uma solidão incerta, quebrada por noites ao luar, sonhando com quem não pode ficar.

Artemiza

Coração

Um dia, meu coração irá esquecer o sentido do verbo amar. Caminhará lado a lado do mar, sem imaginar o sonho que antes possuia dentro de si: amar.
Esquecerá a magia de amar, o sonho de ir mais longe, esquecerá o brilho do sol. Irá apagar-se em mim o sorriso verdadeiro e fresco, as palavras com sentido, o gosto de viver. Minhas mãos esquecerão o toque, e a minha pele esquecerá outra pele, meus lábios não evocarão outros lábios e eu; eu não serei jamais eu.


Artemiza

terça-feira, 15 de junho de 2010

Coração Cansado

Sei que todos os meus passos são dados em falso, penetrando a invisivel areia, instável. Toda a poesia de mim nascida, é um verso cansado, sonhado mil vezes pela voz da liberdade, há muito esquecida dentro de mim.

Estou cansada, cansada de olhar o horizonte e da sua resposta. Cansada de adormecer sozinha, à luz de uma lua difusa. Cansada de andar sozinha, olhando o mar e vendo nele o reflexo vazio da minha alma. Cansada de escrever, cansada de percorrer uma cidade inteira, cansada também. Cansada de um retrato pintado sempre com as mesmas cores. Cansada de um sol, que nem sempre brilha!


ArtEmiza 2010-07-09